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A obesidade e o impacto de uma crise em ascensão

Na América Latina, um em cada quatro adultos vive com obesidade e a região tem as taxas mais altas de obesidade infantil do mundo.

O dia 4 de março marca o Dia Mundial da Obesidade, uma data para refletir sobre uma das crises de saúde mais alarmantes de nosso tempo. A obesidade é um problema de saúde pública com consequências devastadoras. Na América Latina, os números seguem em ascensão, impulsionados por sistemas alimentares desiguais, políticas ineficazes e um mercado que prioriza o lucro sobre a saúde. É hora de exigir respostas contundentes.

A epidemia silenciosa: dados que alarmam

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a obesidade triplicou desde 1975. Em nossa região, um em cada quatro adultos vive com obesidade. Nas crianças, a situação é igualmente grave: a América Latina tem uma das taxas mais altas de obesidade infantil do mundo. A transição nutricional, marcada pelo abandono de dietas tradicionais em favor de produtos ultraprocessados, agravou essa crise. Bebidas açucaradas e comidas sem valor nutritivo inundam mercados e lares, enquanto alimentos frescos permanecem inacessíveis para muitas famílias.

O sobrepeso e a obesidade estão associados a doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Entretanto, além do ônus individual, a obesidade gera um impacto econômico colossal. O custo da assistência médica e a perda de produtividade devido a doenças relacionadas ao excesso de peso representam uma ameaça ao desenvolvimento de nossos países.

Políticas públicas: avanços e retrocessos

Apesar da magnitude do problema, as respostas políticas têm sido insuficientes. Alguns países da região implementaram etiquetas frontais de advertência em produtos ultraprocessados. Chile, México e Equador são exemplos de avanços na regulamentação do setor alimentício. Entretanto, o poder dos lobbies empresariais segue travando muitas medidas que poderiam fazer a diferença.

Políticas fiscais, como impostos sobre bebidas açucaradas, têm se mostrado eficazes na redução do consumo desses produtos. No entanto, ainda existem barreiras para a implementação dessas estratégias em grande escala. Os interesses comerciais entram em conflito com o direito à saúde, e o setor de alimentos investe milhões em desinformação para evitar regulamentações mais rígidas.

Desigualdade e obesidade: uma ligação inegável

A obesidade também é um reflexo das desigualdades socioeconômicas. Nas comunidades mais vulneráveis, o acesso a alimentos saudáveis é limitado. Os ultraprocessados costumam ser a única opção acessível. Embora algumas políticas priorizem a economia sobre o bem-estar, milhões de pessoas veem sua saúde comprometida por um sistema alimentar que perpetua a obesidade como consequência da pobreza.

A educação nutricional continua sendo um privilégio. Sem acesso a informações claras e preços justos de alimentos saudáveis, a população continua presa em um ciclo vicioso. A saúde pública não pode depender de opções individuais quando o ambiente alimentar é projetado para promover o consumo de produtos nocivos à saúde.

O papel da sociedade civil

A sociedade civil tem assumido um papel fundamental. Organizações locais e internacionais pressionaram por políticas mais rígidas e campanhas de conscientização. O ativismo trouxe mudanças significativas, mas a luta está longe de terminar. A demanda por regulamentações mais rígidas deve continuar.

É necessário fortalecer as redes comunitárias e os programas de educação alimentar em escolas e centros de saúde. A participação dos cidadãos é fundamental para reverter essa crise. Trata-se de transformar os sistemas alimentares que sejam sustentáveis desde a base.

Olhando para o futuro: soluções urgentes

A obesidade não se resolverá com discursos retóricos ou recomendações genéricas. São necessárias políticas agressivas para reduzir a influência do setor de alimentos e promover sistemas alimentares sustentáveis. O investimento na produção local de alimentos saudáveis, a promoção da agroecologia e o controle rigoroso da publicidade enganosa devem ser prioridades.

O Dia Mundial da Obesidade deve ser um chamado à ação. É hora de desafiar os formuladores de políticas, o setor de alimentos e as estruturas de poder que perpetuam essa crise. A saúde das gerações futuras depende do que fizermos hoje.

Tradução automática revisada por Isabel Lima

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Nutricionista pela PUCE e Especialista em Saúde Pública pela USFQ, diplomada em Políticas Públicas pela FLACSO. Coordenou projetos de saúde reconhecidos pela OPAS e trabalhou como consultor internacional. Atualmente é professor da PUCE, com foco em nutrição comunitária e saúde pública.

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