Reconfigurar um ministério não só materializa um conjunto de princípios e objetivos de um governo ou coalizão, mas também reflete um consenso mais amplo na classe política em um contexto democrático.
Na América Latina, a instabilidade política geralmente se traduz em crises profundas de governança, ameaças à ordem democrática e incerteza constante sobre o futuro.
Embora os analistas e a população em geral concordem que urge a criação de um órgão como a CICIG ou o retorno da mesma, dentro da configuração atual do tabuleiro do poder, parece ser quase impossível que isso aconteça.
É difícil conceber a democracia à margem de uma ordem republicana, entendida como uma construção coletiva com um fundamento jurídico e moral da esfera pública. Em outras palavras, não há república sem a construção de uma ordem política baseada na igualdade perante a lei e na justiça social.
Ou alguém raivoso e exaltado, se destaca em meio a uma multidão feliz ou tranquila muito mais do que um rosto feliz ou calmo se destaca em meio a uma multidão enfurecida. Um político, um funcionário, um juiz competente passará despercebido em meio uma multidão de inúteis, mas a presença de um incapaz chamará a atenção.
O aprofundamento da crise em vários países da América Latina, nos últimos meses, expôs a relação intrínseca entre estabilidade política e corrupção. Uma associação indissolúvel na qual ambas as condições fluem de modo coordenado. Um relacionamento que dura séculos e está profundamente enraizado na América Latina.