O recente expurgo de mais de 900 funcionários do sistema judiciário nicaraguense é uma das mudanças estruturais mais significativas que marcam o início da sucessão de Ortega e Murillo.
A supressão da observação eleitoral qualificada é uma consequência do declínio democrático da Nicarágua. As missões de observação estavam entre os atores que alertaram sobre a evolução progressiva da ofensiva de Ortega.
O governo cancelou mais de 950 ONGs, associações médicas e educacionais, obras sociais da Igreja Católica e, sobretudo, os projetos de desenvolvimento social e comunitário que sustentam uma cidadania ativa, com o objetivo de instalar um regime totalitário.
Honduras e Nicarágua assinaram recentemente um acordo relativo à soberania no Golfo de Fonseca. Esta é a maneira de Daniel Ortega ignorar tacitamente a decisão do ICJ em Haia e a maneira de Juan Orlando Hernández abrir caminho para o fim de seu mandato e para o provável início de seu processo internacional.
Daniel Ortega confirmou em 25 de outubro que sua sócia, Rosario Murillo, era oficialmente co-presidente. Esta manobra de Ortega liquida o cargo de vice-presidente, que é apoiado pela constituição, pela história e pelo voto popular.