A centralidade e o controle que os partidos políticos têm sobre as decisões tomadas nos poderes executivo, legislativo e judiciário dificultam que eles recebam as respectivas correções.
Não é apenas a democracia versus a ditadura que está em jogo na crise venezuelana. É a deriva da região como um teatro de competição entre grandes potências ou como países e governos capazes de agir em conjunto.
Elege-se, principalmente, sob a influência do ressentimento, de mentiras sobre os oponentes e o passado, de afinidades ideológico-culturais, de transações clientelistas: nada disso está relacionado às aspirações substantivas da maioria.
Os problemas atuais da região mostram que a dimensão territorial, a heterogeneidade social e os alcances da eficiência estatal na América Latina mantêm essa dualidade estrutural.
Estamos diante de uma espécie de vulgarização da lógica meritocrática que, como aponta Michael Sandel, é, por si só, um problema para alcançar uma convivência coletiva que aprimore a virtude cívica.
O protagonismo que esses discursos de ódios alcançaram é preocupante, entre outras coisas, porque amplifica a visibilidade e a ressonância dos preconceitos existentes e contribui para a deterioração da convivência social.