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Sexo por votos, o novo escândalo no Congresso peruano

O proxenetismo se junta à longa lista de crimes gravíssimos pelos quais funcionários ou membros do Parlamento peruano são investigados pela justiça.

Há congressistas cafetões no Peru? É a pergunta que metade do país faz desde 10 de dezembro, quando três sicários em motos atacaram o táxi em que Andrea Vidal Gómez, de 28 anos, viajava, atirando nela não uma ou duas, mas 70 vezes. Duas dessas balas atravessaram sua cabeça.

Segundo as investigações fiscais, os disparos tinham um objetivo: silenciá-la para que não revelasse detalhes de uma rede de lenocínio e prostituição dentro do Congresso da República do Peru, onde ela trabalhou até setembro de 2024 como assessora no Escritório Jurídico e Constitucional, sob as ordens de um funcionário chamado Jorge Torres Saravia.

Vidal morreu uma semana depois, após uma longa agonia no Hospital Dos de Mayo, no coração de Lima, sem conseguir dizer uma palavra.

As mesmas investigações revelam que Vidal estava encarregada de recrutar jovens mulheres sem experiência acadêmica ou profissional para trabalhar como secretárias ou funcionárias administrativas em diferentes escritórios do Congresso, com a cumplicidade dos partidos políticos ali representados, para depois oferecer seus serviços sexuais aos parlamentares em troca de voltarem de determinada maneira em sessões importantes.

Testemunhas entrevistadas por distintos meios de comunicação locais, que não revelaram sua identidade, apontaram Jorge Torres como o organizador dessa prática criminosa, que era consumada com encontros privados após festas em apartamentos alugados via plataformas como Airbnb. Torres haveria demitido Andrea Vidal e duas outras trabalhadoras do Congresso a mando de um funcionário de alto escalão, ainda desconhecido.

Uma das jovens envolvidas, Isabel Cajo Salvador, que havia participado das festas organizadas por Torres, publicava conteúdo na plataforma para adultos OnlyFans até fevereiro deste ano. Ela iniciou sua carreira no Parlamento na área de Administração de Bens e depois trabalhou diretamente com Torres, para finalmente mudar-se para o gabinete do congressista Edwin Martinez, onde atualmente ganha 7 mil soles (quase US$ 1.900) por mês, apesar de não ter concluído o ensino médio.

Como de costume, a classe política como um todo tentou se desligar dessa denúncia. O próprio Torres rejeitou as acusações e lamentou a morte de Vidal. Disse também que ele não determinou sua demissão, mas sim o departamento de Recursos Humanos do Parlamento, apesar de uma reportagem do semanário Hildebrandt en sus trece revelou que, duas semanas antes do crime, Vidal se reuniu com Torres em seu escritório e deixou o local visivelmente abalada.

A crise se estendeu ao partido Alianza Para el Progreso (APP), que levou Torres ao Congresso. Embora ela não figure como militante do APP, há várias fotos dela nas redes sociais participando em atividades de proselitismo do partido e inclusive acompanhou seu secretário-geral, Luis Valdéz, ex-congressista e braço direito do líder do partido, César Acuña. Ambos se distanciaram de Torres.

Acuña, governador da região nortenha de La Libertad, tem uma relação próxima com a Presidente da República, Dina Boluarte. Em multiplas ocasiões, ele a defendeu de críticas públicas, e um de seus aliados, o médico César Vásquez, é o ministro da saúde do governo desde junho do ano passado. Inclusive falou-se de um co-governo entre APP e Boluarte após a pesquisa de poder da revista Semana Económica de setembro mostrou que Acuña e Boluarte têm quase o mesmo poder no Peru.

Enquanto investiga-se o assassinato de Vidal e a suposta exploração sexual em dois arquivos distintos da promotoria, a Comissão de Supervisão do Congresso também assumiu o assunto e citou diversos funcionários para iniciar investigações sobre o caso. Várias bancadas com assentos no Parlamento pediram a renúncia do presidente deste poder do Estado, Eduardo Salhuana, que também é membro do partido APP, mas ele descartou isso ocorreu.A percepção de que existe um Congresso lumpen é evidente. O proxenetismo se junta à longa lista de crimes gravíssimos pelos quais funcionários ou membros do Parlamento peruano são investigados pela justiça. Nas próximas eleições, os cidadãos já não esperam bons representantes; apenas que os novos não sejam piores do que os anteriores.

Tradução automática revisada por Isabel Lima

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Jornalista peruano especializado em Política. Mestre em Comunicação Corporativa pela Universidade de Barcelona. Graduado em Jornalismo e Audiovisual com experiência em apresentador de TV, comunicação social e corporativa.

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