A família Bukele que governa El Salvador executa um gasto multimilionário em servidores dedicados a multiplicar a propaganda oficial nas redes sociais e apagar as vozes dissonantes.
A certeza de um processo eleitoral se baseia em gerar insumos que contribuem para a integridade eleitoral, em que as autoridades, membros da sociedade civil e comunidade internacional podem garantir a transparência do processo. Mas esse é somente um dos requisitos de uma democracia.
Cenários alternativos para a democracia republicana parecem se aglutinar no estado falido do Haiti, ou em modelos autocráticos impopulares de esquerda, ou agora em modelos autocráticos populares de direita, como El Salvador.
Em um país onde a insegurança tornou a vida insuportável, a brutalidade contra suspeitos de crimes e os indícios de autoritarismo não são apenas aceitos, mas até se transformam em votos.
No El Salvador, a democracia já não pode ser interpretada em seu sentido original, como um sistema com contrapesos que permitiria opiniões divergentes. Com a atual maioria absoluta na Assembleia Legislativa, eliminou-se a separação dos poderes.
Inexoravelmente, o presidente salvadorenho Nayib Bukele se encaminha com absoluta calma para sua reeleição inconstitucional, pois controla todo o aparato estatal, inclusive os poderes legislativo e judiciário.