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Eleições 2025: os dois eixos da política chilena

As eleições chilenas de 2025 foram marcadas pelo avanço simultâneo da direita radical e do populismo anti-elite, dois eixos que reorganizam o mapa político e desafiam os partidos tradicionais.

A competição eleitoral no Chile tem sido marcada nos últimos anos pela presença simultânea de duas dimensões: o eixo ideológico tradicional esquerda-direita e um segundo eixo populista, que pode ser descrito como povo-elite ou política tradicional versus anti-establishment. Ambos são fundamentais para a compreensão dos resultados do primeiro turno das eleições presidenciais e legislativas de 16 de novembro.

No eixo ideológico, o ciclo anterior mostrou o predomínio da esquerda mais radical sobre a centro-esquerda tradicional, tendência que se reafirmou este ano com a vitória da comunista Jeannette Jara como candidata desse setor. À direita, confirmou-se a crise dos partidos da coligação Chile Vamos e a ascensão da direita radical, encabeçada por José Antonio Kast e o Partido Republicano. No âmbito presidencial, Kast avançou para o segundo turno como favorito, enquanto Evelyn Matthei — representando a direita tradicional — ficou em quinto lugar com apenas 12,5% dos votos. Johannes Kaiser, do Partido Nacional Libertário, obteve 14%, o que, somado aos 24% de Kast, consolida o avanço da chamada “nova direita”.

Ainda mais drástica foi a derrota da coligação Chile Vamos. O Partido Republicano se tornará a maior força na Câmara dos Deputados, obtendo 31 das 155 cadeiras — 42 se forem incluídos seus parceiros de lista —, enquanto a coligação conseguiu apenas 34. Seu partido mais liberal, o Évópoli, terá inclusive que se dissolver por não atingir o mínimo legal de votos ou cadeiras. Esse realinhamento confirma o fim do ciclo político dominado pelos atores pós-transição, embora ainda seja preciso ver se a tendência continuará.

O eixo populista ou anti-elite também saiu fortalecido nesta eleição. Diversos estudos têm destacado sua importância, evidente no aumento de candidaturas independentes em nível local — quase um terço dos prefeitos eleitos em 2024 — e na eleição para a Convenção Constitucional de 2021, onde listas independentes conquistaram quase um terço das cadeiras.

A introdução do voto obrigatório com registro automático, aplicada pela primeira vez em eleições gerais, fortaleceu ainda mais esse eixo. Isso incorporou um segmento de eleitores menos interessados ​​em política e com menor engajamento democrático. Segundo uma análise da Decide Chile, esses eleitores favoreceram amplamente Franco Parisi. Com quase 20% dos votos e liderando o Partido Popular, Parisi se tornou a surpresa do dia. Embora já tivesse conquistado o terceiro lugar em 2021 com 12,8%, ele foi novamente subestimado pelas pesquisas, provavelmente porque uma parcela significativa de seu eleitorado não participa de pesquisas.

Parisi é o candidato mais abertamente populista no cenário político chileno: um outsider sem experiência em cargos públicos que, durante a campanha, cunhou o slogan “nem fascista nem comunista” para se distanciar das principais opções. Seu discurso visa representar a classe média e se posicionar “abaixo”, junto ao povo, em vez de em uma posição ideológica. Fundado poucos meses antes das eleições de 2021, o Partido Popular elegeu seis deputados, embora todos tenham acabado renunciando. O partido também teve um desempenho ruim nas eleições municipais de 2024. Em 2025, no entanto, conquistou vinte cadeiras. Dado que muitos de seus membros carecem de experiência política ou de um perfil ideológico definido, é incerto como atuarão na Câmara. Seu apoio será crucial para que a direita alcance a maioria de 4/7 necessária para as reformas constitucionais. Embora seu comportamento legislativo seja imprevisível, eleitoralmente eles parecem canalizar o descontentamento e a frustração contra a classe política.

Nas eleições parlamentares, o voto obrigatório resultou em um recorde de 20% de votos inválidos, o dobro da taxa de 2021. Seja pela rejeição aos partidos políticos, pela complexidade das cédulas ou pela falta de compreensão do sistema político, esse fenômeno ajuda a explicar por que os partidos tradicionais — tanto de esquerda quanto de direita — tiveram um desempenho relativamente melhor nas eleições parlamentares do que nas presidenciais. Tudo indica que o voto obrigatório reforçará a alternância de poder que tem caracterizado as eleições presidenciais nos últimos quinze anos.

Tradução automática revisada por Isabel Lima

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Professora do Departamento de Política e Governo, Universidad Alberto Hurtado (Chile). Pesquisadora do Centro de Estudios de Conflicto y Cohesión Social. Membro da Red de Politólogas.

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