No último dia 9 de fevereiro, o Equador realizou o primeiro turno das eleições gerais em um contexto marcado por uma crescente onda de violência e profunda polarização política. Como chefe da Missão de Observação Eleitoral da Transparência Eleitoral, monitoramos esse processo eleitoral e oferecemos uma visão objetiva dos eventos que o envolveram.
O Equador tem enfrentado sérios desafios de segurança. A expansão do tráfico de drogas e do crime organizado aumentou os níveis de violência, o que colocou o país em uma posição delicada em termos de segurança cidadã. Essa situação gerou incerteza e desconfiança entre a população, o que afetou o clima eleitoral.
A polarização política se intensificou, com duas figuras principais surgindo no cenário eleitoral: o presidente em exercício, Daniel Noboa, e a ex-legisladora de esquerda Luisa González. Esses dois candidatos representam visões opostas para o futuro do país, exacerbando as divisões existentes e refletindo a fragmentação do eleitorado equatoriano.
O Equador, localizado na região noroeste da América do Sul, tem uma importante posição geoestratégica. Seu acesso ao Oceano Pacífico o torna um ponto-chave para o comércio internacional e as rotas marítimas. Além disso, sua proximidade com o Canal do Panamá e sua participação na Bacia do Pacífico lhe conferem um papel de destaque na dinâmica comercial e geopolítica da região.
Historicamente, o Equador tem mantido uma política externa voltada para a defesa de sua soberania e a promoção da integração regional. É membro fundador de organizações como as Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos, e participa ativamente de iniciativas que visam fortalecer a cooperação e o desenvolvimento na América Latina.
No contexto atual, a posição geopolítica do Equador assume uma dimensão adicional devido às tensões globais e regionais. A competição entre potências como os Estados Unidos e a China por influência na América Latina coloca o Equador em uma situação em que suas decisões políticas e econômicas podem ter repercussões além de suas fronteiras.
Em termos comerciais, o Equador diversificou suas relações internacionais. De acordo com dados do Banco Central do país, durante o período de 2016-2023, as exportações acumuladas do Equador de janeiro a novembro para a China foram, em média, de US$ 2,844 bilhões. Enquanto isso, em 2023, o comércio não petrolífero entre os Estados Unidos e o Equador deixou um saldo favorável de US$ 1,474 bilhão.
Além dos Estados Unidos e da China, os outros principais parceiros comerciais do Equador incluem a União Europeia, a Rússia e a Colômbia, com quem o país mantém negócios significativos em diversas áreas.
A reeleição de Donald Trump em 2024 redefiniu as relações dos Estados Unidos com a América Latina. O governo Trump adotou políticas mais conflituosas, com foco em questões como migração, comércio e segurança. Essas políticas geraram tensões com vários países da região, incluindo o Equador.
Um dos aspectos mais proeminentes tem sido a imposição de tarifas e medidas comerciais restritivas às nações que, segundo o governo Trump, não cooperam em questões de migração ou segurança. Embora o Equador não tenha sido diretamente afetado por medidas semelhantes, a possibilidade de enfrentar sanções comerciais influenciou as decisões do governo e o debate político interno.
Além disso, a crescente influência da China na América Latina tem sido uma fonte de preocupação para o governo Trump. A China aumentou seus investimentos na região e, portanto, tornou-se um parceiro comercial importante para vários países. O Equador, em sua busca pela diversificação das relações econômicas, fortaleceu seus laços com a China, o que poderia gerar atritos com os Estados Unidos no contexto da política externa de Trump.
Apesar das tensões e desafios mencionados acima, o dia da eleição, em 9 de fevereiro, transcorreu sem grandes incidentes. O comparecimento foi notável, com mais de 83% dos eleitores indo às urnas, refletindo o compromisso cívico da população em um momento crítico para a nação. É importante observar que o voto é obrigatório no Equador, o que contribui para uma alta taxa de participação eleitoral.
Embora nossa missão não tenha se deslocado para o interior do país, observamos que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) realizou seu trabalho de forma eficaz, fornecendo informações oportunas e precisas, o que fortaleceu a confiança no processo eleitoral.
Os resultados preliminares indicaram um empate técnico entre Daniel Noboa e Luisa González, com aproximadamente 44% dos votos. Essa pequena diferença confirmou a necessidade de um segundo turno, programado para 13 de abril.
É importante observar que, embora Noboa tenha liderado ligeiramente nas primeiras contagens, González superou as expectativas, especialmente em regiões onde o Correísmo teve menos influência em eleições anteriores. Esse desempenho destaca uma possível reconfiguração do mapa político equatoriano.
Daniel Noboa buscou estreitar os laços com o governo de Donald Trump. Ele participou da posse de Trump em janeiro de 2025 e expressou sua intenção de fortalecer as relações bilaterais entre o Equador e os Estados Unidos. Além disso, ele adotou políticas comerciais semelhantes às de Trump, como a imposição de tarifas de 27% sobre as importações mexicanas, buscando impulsionar a manufatura local e se alinhar às estratégias comerciais estadunidenses.
Luisa González é considerada a herdeira política do ex-presidente Rafael Correa. Durante sua carreira política, ela ocupou vários cargos em sua administração e manteve um relacionamento próximo com ele. Embora essa associação tenha lhe proporcionado uma sólida base de apoio, ela também tem sido alvo de críticas devido aos casos de corrupção associados ao governo de Correa. González defendeu a administração de seu mentor, classificando as acusações como perseguição política, e prometeu dar continuidade às políticas da Revolução Cidadã se for eleita.
O segundo turno está se configurando como um desafio significativo para ambos os candidatos. Noboa terá que defender sua gestão em um contexto de críticas por seu enfoque rígido em relação à segurança e acusações de autoritarismo. Por sua vez, González enfrentará o desafio de ampliar sua base eleitoral para além do Correísmo, buscando alianças com outros setores políticos e sociais.
A posição do movimento indígena, representado pelo Pachakutik e seu líder, Leônidas Iza, será decisiva. Seu apoio pode fazer pender a balança em favor de um ou outro candidato, tornando-os atores-chave na definição do próximo governo. Tanto Noboa quanto González precisarão forjar alianças e acordos políticos com várias forças políticas.
Tradução automática revisada por Giulia Gaspar.