O mundo está mais cada mais tecnológico e, como reflexo de uma sociedade mais conectada, o consumidor passa a buscar praticidade e agilidade ao transacionar o seu dinheiro. Meios de pagamentos digitais com ou sem contato, home delivery, crédito digital, check-out free, tecnologias biométricas e criptomoedas figuram na lista de opções já utilizadas nas transações comerciais. Na história, presenciamos diversos momentos de como as pessoas movimentam o dinheiro em conexão com o avanço tecnológico.
No Brasil e em outros locais do planeta, por muito tempo, o dinheiro em espécie foi a principal forma de pagamento. Depois vieram os cartões de débito e crédito, que seguem como métodos importantes no atual sistema econômico. E, agora, podemos dizer que o brasileiro está ainda mais imerso em plataformas digitais, o que leva esta aderência à rotina de compras, ampliando o leque para novas experiências virtuais.
O estudo Generation Pay, da Worldpay from FIS, que analisou hábitos, comportamentos e atitudes do consumidor de diferentes idades ao redor do mundo sobre suas finanças, mostra que 54% dos jovens brasileiros utilizam novas tecnologias em pagamentos. E, em todos os países pesquisados – Brasil, Reino Unido, Singapura, Austrália e Estados Unidos – as gerações Z (18 a 24 anos) e Millenials (25 a 40 anos) são as mais propensas a usar tecnologias avançadas de pagamentos em suas compras.
A sociedade contemporânea quer ter facilidade, conveniência e uma boa experiência durante o processo de compra. Vejamos o pagamento por aproximação ou contactless, como também é conhecido, que cresceu exponencialmente no Brasil e em vários outros países. Os dados globais do Generation Pay mostram que 65% dos entrevistados preferem essa tecnologia e a tendência é que ele se consolide por aqui nos próximos anos.
O levantamento mostra também que a geração dos Millenials é a mais aderente ao pagamento sem contato, com 72% da preferência, embora todas as gerações sejam adeptas à tecnologia. No Brasil, 67% deles são adeptos ao contacless – dado que está atrelado à percepção do que realmente importa para eles quando se trata de pagamento: velocidade e conveniência. Uma pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), divulgada neste ano, reforça tamanha adesão do consumidor por meios de pagamento sem contato. Houve um aumento de 700% nos pagamentos por aproximação no segundo trimestre de 2021 no país, cujas transações totalizaram R$ 34,4 bilhões.
E o futuro dos meios de pagamento digitais? Embora ainda não seja claro o papel que as criptomoedas vão desempenhar na economia global futura, fato é que elas têm ganhado visibilidade no mercado global. Se ainda há muito a se discutir sobre regulamentação e uso destes ativos digitais, também é verdade que comerciantes já estão vendo com bons olhos sua aceitação em várias partes do mundo. E não por acaso. As criptos aparecem como uma forte tendência de atratividade entre todas as gerações de consumidores no cenário global. Um total de 27% dos entrevistados tem interesse pelo uso de moedas digitais em suas compras. Com o constante crescimento desse mercado, alguns negócios ao redor do mundo já aceitam criptomoedas e tudo indica que elas se consolidem como moeda transacional em pouco tempo.
No Brasil, o Banco Central está desenvolvendo sua própria moeda digital (CDBC) e já conta com um laboratório para o desenvolvimento de estudos de casos de uso para inovação, o LIFT Challenge Real Digital. Ainda no país, muitas fintechs já têm disponibilizado plataformas que aceitam moedas digitais para pagamentos por produtos e serviços, o que impacta lojistas e consumidores. Portanto, é natural termos dados, por exemplo, de que as gerações Z e Millenials estão entre as mais propensas a adotar criptomoedas como pagamento, com 34% e 40% dos entrevistados, respectivamente.
Outro método em evidência global é o Buy Now, Pay Later (BNPL). Essa forma de empréstimo parcelado, que permite ao consumidor fazer compras e pagá-las em uma data futura, já é bastante difundida no Brasil. Essa é a preferência de 54% da população. Enraizado na cultura do brasileiro, o meio de pagamento ganhou adeptos em outros territórios. Quando olhamos para Cingapura, vemos que o BNPL é utilizado por 50% do público.
Assim, notamos que a sociedade tem experimentado e aderido a novas formas digitais de pagamentos num movimento de constante transformação. Ou seja, a inovação dos pagamentos – que está a pleno vapor -, continuará, e os consumidores sempre terão papel fundamental nesta cadeia formada por diferentes atores. Que a tecnologia e a inovação continuem sendo nossas fortes aliadas na construção destas importantes mudanças, seja no Brasil ou qualquer outro lugar do mundo.
Autor
Vicepresidente Sênior da Worldpay da FIS (Fidelity Information Services) / América Latina. Possui uma pós-graduação em Finanças pela Universidad Católica Argentina (UCA). Palestrante em eventos regionais de finanças eletrônicas.