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Há um ano da posse de Joe Biden

A eleição do Presidente Joe Biden em 2020 se deu no meio de uma extrema polarização da sociedade estadounidense e a eleição é considerada como uma das mais disputadas da história dos Estados Unidos. Uma das consequências desta polarização foi a invasão do Capitólio em 6 de Janeiro de 2021 por um grupo de apoiadores do Presidente Trump. Após este choque para a estabilidade da democracia estadounidense, Biden tomou finalmente posse no dia 20 de janeiro.

Um ano após a tomada de posse, o país retomou à estabilidade e a conjuntura atual se apoderou da agenda de governo de Biden. Apesar da polarização extrema ter sido deixada de lado, o tratamento da crise sanitária e da economia pela nova administração tornaram-se o alvo de críticas por parte dos trumpistas. 

O desenvolvimento e os efeitos da pandemia estão pondo em causa o primeiro ano da gestão de Biden. Em espcial, pela contradição de que a crescente disponibilidade de vacinas não se tem traduzido num aumento da vacinação da sociedade. Em 19 de janeiro, os Estados Unidos contam com apenas 63,5% da população totalmente vacinada e uma média de mais de 2.000 mortes nos últimos sete dias, em 20 de janeiro.

Embora a prioridade do governo seja enfrentar o aumento das infecções devido aos efeitos da Omicron, dois meses após o aparecimento desta variante, os Estados Unidos estão experimentando um aumento crescente das infecções, com uma média de 720.000 por dia nas últimas duas semanas, de acordo com o Our World in Data. Isto, no entanto, não impediu a diplomacia de vacinas do governo Biden, que até agora doou quase 55 milhões de vacinas à América Latina e Caribe e forneceu mais de 614 milhões de dólares para fortalecer políticas frente a pandemia na região.

Outro tema que tem sido alvo de críticas por parte da oposição no primeiro ano do governo tem sido o fluxo crescente de migração irregular. O número de migrantes procedentes do Triângulo Norte da América Central aumentou em 44% e o de mexicanos em 28%. No ano fiscal que terminou em 30 de setembro de 2021, foi registado um total de 1,72 milhões de apreensões de migrantes e solicitantes de asilo, o número mais elevado registado até à data, de acordo com a Oficina de Aduanas y Protección Fronteiriza.

Este crescimento histórico dos fluxos migratórios irregulares é uma consequência da flexibilidade da política migratória da nova administração. Neste sentido, outra das estratégias do novo governo foi promover uma política de desenvolvimento nos países que compõem o Triângulo do Norte, Guatemala, El Salvador e Honduras. Com esta proposta, pretende-se atender as causas da emigração, que é um processo a médio e longo prazo.

A questão da política antidroga recebeu certa atenção na América Latina, considerando que em abril de 2021 foi revelado o plano nacional antidroga do governo Biden, que propõe uma nova abordagem de saúde pública em relação aos principais países produtores de cocaína. Neste sentido, a retórica de Biden retomou a cooperação para a América Latina, marcando uma mudança de rumo com a anterior administração de Trump. Além disso, a administração impôs sanções específicas a indivíduos e entidades implicados em corrupção e violações dos direitos humanos e concedeu a extensão do Estatuto de Proteção Temporária (Temporary Protection Status – TPS) às pessoas imigrantes elegíveis.

Finalmente, a agenda das alterações climáticas, ausente na agenda de Trump, tem sido prioridade da agenda interna, bilateral e internacional do Presidente Biden. No marco da Cúpula de Líderes da América do Norte, celebrada no último mês de novembro, os dirigentes comprometeram-se a acelerar a implementação de energias renováveis na América do Norte. Isto inclui assistência técnica e partilha das melhores práticas. Uma estratégia prioritária para o governo estadounidense é acelerar a transição para o transporte sustentável, o que inclui a fabricação de veículos eléctricos.

Apesar das desavenças entre os democratas e os republicanos, no início de novembro de 2021, ao abrigo de um acordo bipartidário em que 13 republicanos votaram a favor, foi aprovado um orçamento de 1,2 trilhões de dólares para infraestruturas. Este projeto de lei financiaria estradas, pontes, aeroportos, portos marítimos, sistemas ferroviários e a expansão do serviço de Internet de banda larga entre outras infraestruturas. Está pendente de aprovação do Congresso a proposta de infraestrutura da rede de segurança social e os programas de combate às alterações climáticas.

Recentemente, um dos aspectos mais sensíveis para o governo e a oposição é o aumento da inflação, que em novembro subiu para 6,8%, o valor mais alto registado no país em 39 anos, segundo dados do US Bureau of Labor Statistics. Esta escalada nos preços deve-se a limitações nas cadeias de abastecimento e à crise energética. Contudo, a gestão governamental foi o centro das críticas por parte do ex-presidente Trump num comício no Arizona, no marco do início da sua campanha de apoio aos candidatos republicanos ao Congresso, em novembro deste mesmo ano.

À medida que avançam as campanhas intermediárias de novembro de 2022, as divergências entre o governo democrata e o partido republicano irão sendo aprofundadas em temas como a vacinação e a gestão da pandemia em geral, a recuperação econômica, a inflação, a migração irregular e o aborto. Estas questões serão decisivas nas próximas eleições intermediárias de 8 de novembro e provavelmente favorecerão o partido republicano nas urnas.

Autor

Profesor e investigador del Departamento de Estudios de Administración Pública de El Colegio de la Frontera Norte - COLEF (Tijuana, México). Doctor en Ciencia Política y Sociología por el Instituto Universitario Ortega y Gasset (España).

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