Fabián Echegaray é diretor da Market Analysis, uma consultoria de opinião pública sediada no Brasil, e atual presidente da WAPOR Latin America, o capítulo regional da associação global de pesquisa de opinião pública: www.waporlatinoamerica.org.
Com as mudanças radicais do clima, deveriam mudar os hábitos, as percepções e as reações em relação às causas que as provocam. Mas é isso que os dados da opinião pública nos indicam?
Não são poucos os desafios para integrar a inteligência artificial aos processos institucionais e à engenharia política, e não há consenso sobre suas vantagens. Essa leitura de faca de dois gumes condicionará as inovações e alimentará as demandas por regulamentação externa.
Nos últimos doze meses, vimos uma desativação das manifestações e da participação popular no Brasil que chega a surpreender... ao menos até o domingo, 25 de fevereiro, quando Bolsonaro convocou seus apoiadores a mostrar sua força mobilizadora. Como interpretar a ausência de mobilizações nas ruas?
Se as simpatias ou antipatias partidárias regulam os afetos e endurecem visões de mundo, modelos de sociedade e prognósticos sobre o futuro de modo tão oposto, não deveria ser surpresa que cada aspecto da vida se transforme em uma trincheira.
A América Latina celebrará seis eleições presidenciais em 2024 e, junto com os votos, vem o esforço para medi-los através de pesquisas e para confundir e desorientar os eleitores através de pesquisas falsas que fabricam resultados com a intenção de moldar o humor eleitoral dos cidadãos.
Em um contexto adverso para a revelação de preferências, o relatório da OEA fez objeções ao trabalho de pesquisadores depois que suas projeções se mostraram distantes dos resultados.
Urge a necessidade de avançar para uma agenda de emissões zero até 2050, a partir de políticas públicas que impactem a sociedade como um todo e em larga escala.
A agressão terrorista das hordas bolsonaristas contra os pilares do sistema institucional brasileiro poderia ter sido um presente inesperado que favoreça a consolidação da democracia no país?
Coautor Ezequiel Raimondo
Os oficialismos atuais na Argentina e no Brasil se assemelham muito mais do que eles admitiriam. Pelo menos a respeito de como eles pensam sobre o funcionamento e o papel da sociedade.
Em vez de ser revertida, como pretendia Bolsonaro, a igualdade de gênero, o empoderamento das mulheres, a defesa do meio ambiente e a independência do Judiciário e de outras instituições foram fortalecidos.
O aprofundamento da vida ancorado na Internet pode ser interpretado como favorável à democratização da informação e da comunicação. Mas esta intermediação remota de nossa vida diária via internet está longe de ser neutra.
Em poucos dias, um documento pensado para congregar posições internas no âmbito universitário se transformou em um catalisador de um consenso em favor da institucionalidade por parte de certa de um milhão de brasileiros que o assinaram.
Por diferentes aspectos culturais, muitos de nós nos acostumamos a desassociar o poder político das influências do mercado. Mas hoje, quando o valor da Apple ou Amazon superam o PIB das grandes potências, é difícil defender essa divisão.
Desenvolvimentos institucionais como quotas ou sanções por tratamento desigual entre os gêneros estabelecem um princípio capaz de ordenar outras esferas, mas nos arriscamos a perder a verdadeira fonte das desigualdades.
Sete em cada dez latino-americanos consideram o aquecimento global como uma séria ameaça à humanidade, mas culpam a si mesmos pela degradação ao mesmo tempo em que desculpam aqueles que têm recursos e são realmente responsáveis.
Conforme a pandemia avançava, as propostas iniciais de choques verdes e de transições climáticas justas caíram por terra e levaram a um ajuste nos estilos de vida que resultou em uma pegada ambiental menor.
Co-autor Ezequiel Raimondo
Historicamente, as sociedades oscilam entre a agitação no mundo público ou a rendição ao mundo privado como escolhas para corrigir suas frustrações e se aproximar da realização de seus interesses e valores.
Um ano após a emergência sanitária e o início das medidas restritivas, começam a surgir especulações sobre o futuro pós-pandêmico: voltaremos a viver como no passado, ou veremos as mudanças vividas durante a pandemia se perpetuarem, afetando como e quanto trabalhamos, nos educamos, nos alimentamos e socializamos?
A pandemia expôs os governos a uma série de dilemas inexistentes em tempos normais. Respeitar as liberdades civis ou o controle social? Uma parte da liderança parece ter sido naufragada antes desses disjuntivos ou, pior ainda, teria transformado a intensificação dessas contradições numa forma de governo.
Poucos casamentos explicam o avanço para a modernidade como o das classes médias e das cidades. É aí onde são hospedados espaços de desenvolvimento cultural, artístico e científico, onde prosperam as empresas comerciais ou tecnológicas, onde floresce a inovação social e a mobilização política progressiva dá frutos.
Esta ideia de cidadania que emerge em tempos de emergência sanitária e distanciamento social é muito mais semelhante às expressões conservadoras e limitadas em vigor até meados do século 20 do que às manifestações de civilidade e encarnações da subjetividade política do século 21.