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Neste ano eleitoral, se consolidará o ciclo progressista?

Começou 2023 e neste ano eleitoral a região mostra sinais de tensão. O Peru não conseguiu sair da complicada crise institucional desde dezembro do ano passado; Brasil viveu a invasão da sede dos poderes pelos partidários do ex-presidente Jair Bolsonaro; a economia argentina é vítima da hiperinflação; e o fantasma do autoritarismo assombra a região.

Atualmente, o mapa ideológico está dividido entre 11 países governados pela esquerda, quatro pela direita e três pelo centro. Com estes números, há elementos para argumentar que a região vive um giro à esquerda. No entanto, não sabemos se será fugaz ou se vai se instalar e durar pelo menos uma década como na primeira onda (2003-2015).

Este ano pertence ao que o cientista político Daniel Zovatto chamou de super-ciclo eleitoral, já que nove países irão às urnas. Alguns, como Equador, realizarão eleições locais, Colômbia votará em governadores e prefeitos, Chile prevê um novo calendário para promover um novo plebiscito constitucional em dezembro, e México realizará eleições em duas entidades do país. No entanto, 2023 sedia três eleições gerais: Paraguai em abril, Guatemala em junho e Argentina em novembro.

Já vimos em processos anteriores que candidatos radicais como o chileno José Antonio Kast ou Keiko Fujimori no Peru foram derrotados nas urnas. Entretanto, a região foi testemunha do nascimento de candidatos antissistema e a população se viu seduzida por eles, como o El Salvador de Nayib Bukele, o Brasil de Jair Bolsonaro e os Estados Unidos de Donald Trump.

As eleições em Guatemala e Paraguai são significativas para a esquerda latino-americana se levarmos em conta que estes países têm sido geralmente governados pela direita. As forças progressistas do Paraguai, como a Frente Guasú e o Partido Democrático Progressista, tentarão derrotar o Partido Colorado, que busca reter o poder e que o país vire à esquerda. Se esta nação trocar a direita pela esquerda, praticamente todo o Cone Sul seria governado por governos progressistas.

Entretanto, deve-se ter em mente que se a presidência for de esquerda, deve-se analisar a conformação do Poder Legislativo. Este é um fato que é cada vez mais relevante devido ao fato de que os candidatos de esquerda encabeçam os governos, mas os congressos são dominados pela direita, um aspecto decisivo no momento de implementar o plano de governo.

O próximo país onde a direita tem uma grande presença é a Guatemala. Este é um caso curioso, já que desde o início do século XXI não se desloca à esquerda, embora tenha tido presidentes de direita em maior ou menor medida. O progressismo guatemalteco se aglutina até agora no Movimento para a Liberação dos Povos, que buscará estabelecer um governo de esquerda. Ao contrário de 2019, quando seu protagonismo era mínimo e terminou em quarto lugar, agora as coisas poderiam mudar e fazer a nação girar à esquerda pela primeira vez neste século.

Por último, as eleições gerais na Argentina serão o prelúdio do pêndulo político, já que definirão se o peronismo retém o poder ou se a direita o tirará da Casa Rosada. O governo de Alberto Fernández não conseguiu deter o aumento da inflação que deteriorou a economia doméstica. Enquanto o triunfo da Argentina no mundial representou uma lufada de ar fresco para o país, as disputas para eliminar as eleições Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO) geraram incerteza. O desdobramento do calendário eleitoral em 14 províncias e a declaração de Cristina Fernández de Kirchner de que não se apresentará como candidata do Frente de Todos modificaram o rumo das eleições.

A Argentina pode ser o primeiro país onde a esquerda deixa o poder como parte desta nova onda da esquerda. Por isso, esta eleição será decisiva para o progressismo e a direita regional. Ademais, será o prelúdio para 2024, quando oito países irão às urnas para eleger um novo presidente. Destes, seis são atualmente governados pela esquerda, um pelo centro e apenas um pela direita. Além disso, os Estados Unidos terão eleições presidenciais em 2024, o que tem um grande impacto político em nossa região.

 Finalmente, no Haiti, foi instalado o Alto Comitê para a Transição, que será encarregado de organizar eleições em 2023 com o objetivo de renovar os poderes. Em 9 de janeiro, os últimos dez senadores eleitos terminaram seu mandato, portanto, já não há mais funcionários eleitos e todos foram nomeados devido à emergência que o país vive desde 2016, quando as últimas eleições foram realizadas, e depois o assassinato do Presidente Jovenel Moise em 2021.

Neste contexto, este novo progressismo latino-americano terminará de se consolidar ou a direita começará a ganhar terreno novamente?

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Cientista político. Formado na Universidade Nacional Autônoma de México (UNAM). Diploma em Jornalismo pela Escola de Jornalismo Carlos Septién.

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